O que propõem os vencedores do Reinventing Cities

 O que propõem os vencedores do Reinventing Cities

Vale do Anhangabaú

Áreas do centro da cidade de São Paulo que abrangem o Mercado Kinjo Yamato e as praças Alfredo Issa, João Mendes e Clóvis Beviláqua foram escolhidas para o concurso internacional e devem apresentar intervenções a partir de 2023

Um novo parque urbano sob o Viaduto Santa Ifigênia e um mirante na avenida Senador Queirós, com miradas privilegiadas para o Centro de São Paulo, são citados como parte de um dos projetos vencedores do concurso internacional Reinventing Cities São Paulo.

Responsável pela proposta do Boulevard Prestes Maia, que propõe a revitalização do entorno do Mercado Kinjo Yamato, em frente ao Mercadão, o escritório Tempo Arquitetos levou o primeiro lugar do concurso. De acordo com o escritório, a requalificação do entorno do Mercado Kinjo Yamato envolve ainda a reconquista do chão urbano pelas pessoas.

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Projeto para área 1

Boulevard Prestes Maia/ Mercado Kinjo Yamato
Vencedor: Tempo Arquitetos

“O traçado da nova rua compartilhada busca a reconfiguração histórica do eixo da antiga rua Anhangabaú por sobre o Ribeirão homônimo, facilitando a integração logística e turística entre os dois mercados municipais da região”, diz o projeto.

Atualmente, o local tem vários estacionamentos e espaços ociosos utilizados para descarte irregular de lixo. Já o eixo da Avenida Prestes Maia, que conecta a Zona Norte à Zona Sul, tem tráfego intenso de veículos, mas baixa circulação de pedestres, apesar das calçadas largas.

O propósito do concurso foi selecionar propostas inovadoras para tornar áreas, hoje subutilizadas, em espaços mais sustentáveis e convidativos à permanência das pessoas e ao uso de meios de transporte não poluentes.

A iniciativa surge a partir de uma parceria entre a SP Urbanismo e a rede global de cidades C40 Cities. O objetivo foi selecionar, e futuramente executar, as melhores propostas de requalificação urbana para quatro áreas estratégicas da região central da capital.

Outros três vencedores foram anunciados pela prefeitura de São Paulo, na última sexta-feira (11), na sede do governo municipal. O prefeito Ricardo Nunes entregou os prêmios aos escritórios de arquitetura e urbanismo que apresentaram as melhores propostas, segundo seleção feita pela comissão julgadora do concurso. Todos entregaram à SP Urbanismo projetos de requalificação para quatro áreas públicas da região central. Ao todo, foram entregues prêmios a 12 projetos com primeiro, segundo e terceiro colocados.

Denominada como área 2, a Praça Alfredo Issa fica na intersecção das Avenidas Senador Queirós, Cásper Líbero e Ipiranga. Por estar próxima da Estação da Luz e da rua Santa Ifigênia, recebe um grande fluxo de pedestres e hoje é caracterizada por conflitos viários, com altos índices de acidentes de trânsito, especialmente envolvendo pedestres e ciclistas.

Ao mesmo tempo, a Praça Alfredo Issa é um dos raros espaços de permanência da região, equipado com academia para a terceira idade e parquinho.

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Projeto para área 2

Praça Alfredo Issa.
Vencedor: Estúdio Útil

A terceira área delimitada pela Praça Dr. João Mendes está entre o Centro Histórico e o bairro da Liberdade. Em seu entorno estão edifícios emblemáticos da cidade, como a Catedral Metropolitana, Palácio da Justiça, Igreja de São Gonçalo e o Fórum Dr. João Mendes Jr., além de comércios especializados em livros usados, produtos naturais e essências.

Atualmente, essa área é usada apenas como local de passagem, com intenso fluxo de veículos e sem espaços para permanência de pedestres, também com forte presença de moradores de rua e alguns prédios abandonados que acabam por desvalorizar os bens tombados do perímetro.

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Projeto para área 3

Praça João Mendes.
Vencedor: Matteria Arquitetura

A quarta e última área escolhida engloba a Praça Clóvis Beviláqua, que junto com a Praça da Sé compõem uma expressiva área verde do centro de São Paulo. A Igreja da Ordem Terceira do Carmo, Poupatempo da Sé, Estação Sé e o SESC Carmo são alguns equipamentos presentes no seu entorno, que hoje apresenta muitas barreiras para a intensa circulação de pedestres. Local de passagem e sem espaços de permanência, o trecho é famoso pela presença de ambulantes e pela prática de furtos. O tráfego de veículos na região também é intenso.

Apoiadora do concurso, a Associação Comercial de São Paulo participou cooperando com o programa, abrigando debates sobre o concurso, impulsionando a organização e se fazendo presente na composição do júri, seleção e divulgação dos trabalhos concorrentes.

“Temos muito orgulho de testemunhar essa premiação. Essa é a primeira entrega, ou seja, o primeiro produto da nossa parceria de cooperação técnica com a SP Urbanismo. Agradecemos a confiança depositada e seguimos à disposição para trabalhar lado a lado com a municipalidade na revitalização e requalificação da nossa cidade, em especial do centro de São Paulo”, comentou o primeiro vice-presidente da ACSP, Roberto Mateus Ordine.

Membro do júri escolhido pela SP Urbanismo, a coordenadora técnica do Conselho de Política Urbana (CPU) da ACSP, Beatriz Messeder Sanches Jalbut, falou sobre a participação da entidade no concurso e a importância desta iniciativa para a cidade de São Paulo.

Nas palavras da arquiteta, num momento de pós-pandemia no qual as pessoas retomam a ocupação dos espaços públicos, os projetos vencedores trazem um outro olhar para a cidade, atendendo a novas exigências. A expectativa de Beatriz é que a partir desta edição, novas experiências sejam inspiradas para trazer conceitos contemporâneos de resiliência climática, urbanidade e caminhabilidade para aumentar a qualidade dos espaços públicos da cidade por meio de projetos que transcendem o campo das ideias.

Mariana Nicoletti, Senior Research Manager no C40 Cities, avalia que os projetos inscritos nesta iniciativa reconhecem que a mudança do clima é hoje uma das principais ameaças à sociedade. E propõe uma cidade mais verde, inclusiva e um espaço público que seja propício para as interações sociais, bem-estar e saúde.

Cesar Azevedo, presidente da SP Urbanismo, destacou a importância da cidade de São Paulo participar do concurso pela primeira vez, sendo a única da América Latina neste ano. “O objetivo é ter um centro de São Paulo democrático, sustentável, dinâmico e com vida”, disse.