Terra Blend cresce na pandemia ao conectar MEIs e consumidores

 Terra Blend cresce na pandemia ao conectar MEIs e consumidores

Completando dois anos neste mês de janeiro, a Terra Blend é aquele típico negócio de oportunidade que surge na hora certa. E dá tão certo que acaba gerando oportunidades para outras pessoas, ao oferecer chances de ganhos à distância por representação comercial ou revenda para quem ficou sem renda por conta da pandemia.

Fundada pela empreendedora e enfermeira obstetra de formação Karine Ribeiro, 36, após tentativas frustradas de ter o próprio negócio, a empresa especializada em frutas congeladas e sucos detox nasceu a partir de um bate-papo com o marido sobre o potencial de crescimento do consumo desses produtos.

 

Após pesquisar sobre o assunto, teve a ideia de levar as frutas congeladas como uma opção prática e saudável para o consumidor final, conforme conta. Criou uma marca provisória e fez um teste.

Logo na primeira semana, o congelador da geladeira de sua casa ficou lotado com os pedidos iniciais. Na segunda, já precisou comprar um freezer. E na terceira, mais um.

O negócio foi evoluindo, e Karine percebeu que a Terra Blend era o seu caminho profissional. Investiu em uma identidade visual para a marca, e criou uma base operacional em Cotia, na Grande São Paulo, com um responsável pelo atendimento, outro pela produção/controle de estoque e um pelas entregas.

Também fez parcerias com pequenos produtores locais para fornecerem as frutas, que passam apenas por um processo de higienização e congelamento, e as polpas detox, produzidas artesanalmente com um blend de frutas e vegetais para auxiliarem a desintoxicar o organismo e manterem sua imunidade.

Segundo Karine, o diferencial da Terra Blend é agregar valor aos produtos através de uma identidade mais atual, comunicando e destacando os benefícios para a saúde aliados à praticidade necessária à vida moderna.

“Decidimos nos posicionar como uma empresa com responsabilidade social e ambiental”, diz.

Para atender à demanda que aumentava, a empresa passou a oferecer delivery de frutas congeladas e polpas detox para o consumidor final em parceria com o iFood. Também passou a operar com o fornecimento para hotéis, restaurantes, escolas e indústrias, no mercado local e para exportação.

 

Até chegar a pandemia: primeiro, Karine pensou como poderia fazer a Terra Blend sobreviver à crise. Depois, como usá-la para impactar positivamente a vida de quem foi ainda mais afetado na quarentena.

Foi quando decidiu ‘recalcular a rota’, conforme diz, e teve a ideia de oferecer oportunidade de ganhos no modelo home based, sem desrespeitar o isolamento social, para quem perdeu sua fonte de renda.

No projeto de trabalho remoto, os novos colaboradores só precisaram de um celular e acesso à internet. A Terra Blend também não exige investimento inicial, e fornece um kit de divulgação de produtos.

Além do comissionamento semanal e acesso à plataforma própria de pedidos e logística, os representantes comerciais e revendedores receberam consultoria grátis para virarem Microempreendedores Individuais (MEIs). Resultado: em 2020, o faturamento da Terra Blend cresceu 40% ante 2019.

Para 2020, o planejamento inicial era concentrar a expansão em food service, penetração em empórios e lojas especializadas e desenvolvimento de novos produtos, conta Karine. Mas 2021 promete ser diferente.

“Agora, nossa expectativa é crescer no formato de revenda de produtos por pessoas físicas”, sinaliza.

OS DESAFIOS DE UMA EMPRESA COM PROPÓSITO

Assim como transformou a Terra Blend para enfrentar as adversidades da pandemia, Karine Ribeiro também precisou enfrentá-las e recalcular a rota diversas vezes na vida pessoal e profissional.

A vontade de ter o próprio negócio sempre esteve na sua mente. Mas, antes que isso acontecesse, atuou na área da Saúde e infartou aos 29 anos devido à alta demanda de trabalho e horários exaustivos.

 

Parou um tempo, para se cuidar e ficar com as duas filhas. Mas o ‘espírito animal’ do empreendedor, figura de linguagem criada pelo economista britânico John Maynard Keynes, nunca abandonou Karine.

Iniciou projetos de empreendedorismo que não passaram do plano de negócio. Voltou até a atuar como enfermeira autônoma. Mas, mesmo com uma certa frustração, a ideia de abrir uma empresa continuava ali.

Até que surgiu a Terra Blend que, além de ser um negócio para gerar lucro, claro, também nasceu para ser alinhado a causas sociais.

“Sempre busquei trazer esse olhar para a Terra Blend”, afirma Karine.

O sucesso do projeto de representação comercial e revenda também levou a empresa a lidar com alguns desafios, segundo a empresária. E a rotatividade foi um deles.

Em geral, explica, muitos revendedores se cadastram quando estão passando por grande dificuldade financeira. Mas ao conseguirem se recolocar no mercado, esse trabalho deixa de ser prioridade.

 

“Nosso desafio é manter a motivação e a divulgação para cadastro de novos revendedores: no auge da pandemia, já chegamos perto de 45. Hoje, esse número caiu pela metade”, afirma.

Mesmo assim, Karine considera que esse é um bom indicador, já que um dos objetivos principais do projeto era auxiliar pessoas que passavam por dificuldades ao perder a renda durante a pandemia.

O comissionamento, segundo ela, ficou acima da média praticada no mercado. “Diminuímos nossos lucros ao mínimo, pois o objetivo maior era poder ajudar de alguma forma naquele momento ímpar.”

Com a volta gradual das atividades econômicas, muitos revendedores enviaram mensagens agradecendo, relatando que o programa da Terra Blend foi de grande ajuda e que conseguiram se recolocar, conta.

E assim, a Terra Blend, mesmo não sendo de grande porte, conseguiu se transformar e entrar para o time dos negócios “com propósito”, tão em voga no mercado e cada vez mais requisitado pelos consumidores.

“O objetivo foi atingido. Passamos a fazer parte do movimento de empresas que não pensam só nos lucros, mas em fazer parte da engrenagem que sustenta a comunidade. Isso é responsabilidade social”, acredita.

QUANDO ABRIR MÃO VALE A PENA

Trabalhando em um cenário de reclusão extrema, a Terra Blend optou por não abrir mão da possibilidade de fazer as entregas para os clientes, em vez de deixá-las a cargo dos revendedores.

Mesmo com alta nos custos, a logística era e ainda é realizada pela empresa, tanto para evitar que o isolamento não fosse respeitado como para manter os cuidados, já que pandemia está longe de acabar.

“Mas planejamos algumas alterações no programa que atendam ao momento atual tanto no aspecto do isolamento quanto no perfil dos revendedores, visualizando um quadro de maior reabertura do mercado.”

Sem revelar números, Karine considera o crescimento de 40% em 2020 muito positivo, apesar da margem de lucro ter diminuído para impulsionar o projeto de revenda. Especialmente ao observar o número de empresas que não conseguiram manter suas portas abertas em 2020.

“Creditamos isso ao aumento da demanda de delivery, ao nosso programa de revenda e principalmente aos ajustes que fizemos para atender esse novo cenário”, destaca.

O sucesso da Terra Blend também é resultado do aprendizado ganho com as tentativas anteriores de abrir um negócio que acabaram frustradas pois, segundo Karine, “empreender é um exercício de acerto e erro.”

Ela também lembra a insegurança que sentia em projetos anteriores, pois achava não ter ‘gabarito’ para colocá-los em prática. “Quando encontrei algo em que realmente acreditava, tudo começou a acontecer.”