Robôs colaborativos? Logo eles podem estar na sua loja

 Robôs colaborativos? Logo eles podem estar na sua loja

Na linha de produção de indústrias como Natura e Nestlé, esse tipo de inteligência já é realidade. Em alguns anos, a expectativa é que os cobots integrem também outros tipos de operação, incluindo o varejo alimentar.

Da fábrica até a gôndola, o caminho que um produto percorre antes de chegar ao consumidor final é longo. Quem trabalha no setor supermercadista conhece esse trajeto muito bem. O que nem todos sabem, entretanto, é que nos últimos anos a produção de algumas dessas mercadorias tem contado com a ajuda dos cobots.

Para entender um pouco mais sobre a tecnologia, entrevistamos o gerente regional da Universal Robots na América do Sul, Denis Pineda.

O que são os cobots?

“Também conhecidos como robôs colaborativos, os cobots foram criados para ajudar as pessoas, reduzindo o risco de acidentes e lesões por trabalhos repetitivos”, explica Pineda, acrescentando que, por serem capazes de realizar tarefas de automação, os equipamentos podem elevar a produtividade e trazer mais eficiência, rapidez e flexibilidade aos processos.

Ele ainda assegura: a instalação da solução é rápida, os cobots são leves (pesam entre três e 16 quilos), poupam espaço e são facilmente realocados para múltiplas aplicações sem a necessidade de mudar o layout da produção.

“Por conta de uma tecnologia patenteada, a programação permite que qualquer pessoa sem experiência em programação possa configurá-los e manuseá-los por meio de uma interface intuitiva com visualização 3D.”

Quem já utiliza?

A gigante de cosméticos Natura integrou um cobot da Universal Robots à produção da linha Ekos. “O processo de encaixotamento era feito manualmente, com duas pessoas realizando essa tarefa diariamente. A grande quantidade de embalagens a serem encaixotadas gerava um impacto ergonômico negativo aos funcionários, além da realização de atividades repetitivas sem valor agregado para a produção”, conta.

A solução foi incluir um sistema de troca rápida realizada em apenas alguns minutos, no qual o robô empacotasse diferentes tamanhos de embalagens: são 70 produtos acondicionados por minuto. O processo de integração da inteligência levou cerca de 120 dias e a configuração do robô foi feita em apenas três.

Outro case apresentado por Pineda vem da indústria alimentícia. Com a ajuda dos robôs colaborativos, a fábrica de chocolates da Nestlé, em Caçapava (SP), aumentou sua produção e automatizou processos que eram feitos manualmente, como empacotar, separar e embalar os chocolates. “Além disso, por conta da pandemia, os cobots também ajudaram no distanciamento social e protegeram os funcionários, que antes estavam em contato direto com a produção.”

E o que vai acontecer com os funcionários de carne e osso?

Segundo Pineda, a ideia distópica de robôs tirando empregos de humanos está longe de ser real. Ele afirma que empresas que investiram nessa frente cresceram e ainda geraram mais postos de trabalho.

“Adicionalmente: veja casos como a falta de soldadores e operadores de CNC nos EUA – não há pessoas qualificadas para preencher esses postos. Por outro lado, a China está comprando um terço de todos os robôs do mundo, pois já entendeu que a robótica é uma tecnologia que aumenta a produtividade; portanto, quem não investir nela vai acabar perdendo mercado”, acredita.

Tecnologia incipiente na ponta do varejo

Pensando mais além, encontrar robôs atuando no PDV é uma ideia agradável para o trade. “Há algumas aplicações em lojas de autoatendimento fora do Brasil, tais como cafeterias e sorveterias automatizadas. A pandemia despertou o interesse nessas aplicações para possibilitar distanciamento social, mas, em geral, os cobots ainda são utilizados em fábricas que giram dois ou três turnos.” Ou seja, trata-se de uma tecnologia incipiente na ponta do varejo. Mas, ainda segundo o gerente regional da Universal Robots na América do Sul, com o boom da Inteligência Artificial associada a sistemas de visão e cobots, muito provavelmente presenciaremos robôs interagindo nas lojas em alguns anos. “Os cobots estão muito presentes na indústria de alimentos, bebidas, cosméticos e produtos de limpeza. Penso que seja uma questão de tempo para que vejamos essa tecnologia mais perto da gôndola.”