Linha de frente nas lojas físicas: um problema ou uma solução?
Quais os novos rumos e expectativas do consumidor?
Por conta das mudanças de hábitos e de comportamento da população global, em função da pandemia, a Kantar elaborou o estudo “Barômetro COVID-19” para mostrar o sentimento e as expectativas de todo o mundo em relação aos impactos causados pelo coronavírus até aqui. E entre os resultados, 42% das pessoas foram pessoalmente afetadas pela Covid-19; 8% relataram ter contraído o vírus, 23% disseram que um familiar próximo foi diagnosticado e 23% que um amigo próximo foi contaminado. No Brasil, esse impacto foi ainda maior com 87% dos entrevistados afirmando que eles próprios ou alguém próximo foi infectado.
Já no caso do atual cenário varejista, os dados revelam também que grande parte das pessoas fizeram menos de 25% das compras de abastecimento online, enquanto 49% tiveram uma boa experiência nos e-commerces de supermercados e 38% acreditam que já conseguem uma variedade melhor de produtos no ambiente online.
O localismo também continua sendo importante, com 52% da população prestando hoje mais atenção à origem do produto do que antes da pandemia. Além disso, 68% preferem comprar nos supermercados perto de casa e 64% consideram que as lojas locais são importantes para a comunidade.
Outro ponto que tem afetado bastante a população mundial é a questão financeira. Mais da metade (54%) teve sua renda afetada pela pandemia, enquanto 18% espera que sua renda familiar caia por conta da emergência sanitária. O grupo mais impactado foi o dos jovens (18 a 34 anos) com 62% deles experimentando a redução nos rendimentos.
Quanto ao consumo, 70% da população continua avaliando mais de perto os preços em lojas, supermercados e shoppings, em comparação com 64% que dizia fazer o mesmo no ano passado. Além disso, 58% afirmaram que ficam mais atentos às liquidações, número 10% maior que há 12 meses.
A pesquisa também mostrou que a maioria das pessoas espera um impacto econômico de longo prazo. Em geral, um em cada três entrevistados (33%) acredita que a economia se recuperará rapidamente quando a pandemia estiver sob controle; esse índice era de 30% em abril de 2020. Nos países “líderes”, apenas 28% das pessoas expressam o mesmo otimismo.
Preocupação coletiva
Quanto à saúde mental, a pesquisa também mostrou que 42% dos entrevistados em todo o mundo se sentem afetados pela pandemia, mas o progresso na vacinação parece estar agindo como uma válvula tranquilizadora, já que o impacto na saúde mental é significativamente menor nos países “líderes” (35%) em comparação aos países classificados como ainda em batalha (49%).
Neste quesito, os jovens são novamente os mais afetados, relatando pior impacto no grupo de 18 a 24 anos, seguido pela faixa etária de 25 a 34 anos. Aqueles com 65 anos ou mais continuam a sofrer o menor nível de impacto, embora o índice tenha aumentado de 21% em agosto de 2020 para 29% em abril de 2021.
Cenário futuro
Já as promessas de “desenvolvimento pessoal” perderam o seu espaço. Originalmente número 4 na lista de comportamentos pretendidos para serem levados adiante, feita em maio de 2020, atualmente essa preocupação caiu para o 10º lugar do ranking atual.
Sendo assim, nos países que possuem um programa de vacinação mais avançado, a retomada da vida cotidiana está no horizonte. Ou seja, as pessoas têm menos ansiedade, se sentem mais seguras e estão mais abertas a voltar a se envolver com o mundo. Este é um desenvolvimento bem-vindo, mas a perspectiva de longo prazo ainda é desafiadora para muitas pessoas. A transformação do setor varejista parece ter vindo para ficar, enquanto as intenções da população quanto à transformação pessoal durante o confinamento tendem a desaparecer.