Por que a 7ª rua mais legal do mundo está no Bom Retiro

 Por que a 7ª rua mais legal do mundo está no Bom Retiro

O que faz de um endereço algo especial? Uma pergunta parecida norteou um ranking recente produzido pela revista inglesa Time Out, sobre os destinos considerados mais “cool” – adjetivo que, em inglês, quer dizer legal, atual, descolado e cultural. Essas qualidades dão sentido à presença de uma via do Bom Retiro na lista que reúne áreas de Londres e Barcelona.

Ocupando a sétima colocação, a rua Três Rios, localizada na região central de São Paulo, está a poucos minutos a pé da Pinacoteca e da Estação da Luz, e de acordo com o material, sintetiza bem a diversidade étnica do bairro e assume total importância para quem deseja saber mais sobre a história da capital paulista.

De acordo com a publicação, além do valor histórico do Centro de São Paulo, o destaque da rua se dá pela sua identidade “diversificada e em constante evolução”.

Ponto de referência da moda, com muitas lojas de atacado e varejo, além de tecidos, o Bom Retiro tem recebido novos negócios nos últimos anos, atraídos pela presença multicultural do endereço. Restaurantes coreanos, como o Hwang to Gil, espaços culturais, como o Centro Cultural Judaico, a culinária grega, servida no restaurante Acrópoles e a presença de jovens no local dispensam maiores explicações sobre o título.

Três Rios é uma homenagem ao Marquês de Três Rios, cafeicultor e dono do loteamento que originou a história do Bom Retiro em meados do século 19.

Território de imigrantes que desembarcavam fugindo de guerras e crises econômicas, as ruas do bairro ainda guardam vestígios de quem passou por ali. Seja na arquitetura dos imóveis ou por abrigar várias gerações de famílias de imigrantes que ali chegaram ao longo dos séculos em busca de oportunidades de trabalho em uma cidade predominantemente industrial.

Tudo por ali é muito curioso. Um bom exemplo dessa faceta migratória das adjacências da rua Três Rios é a Vila Michele Anastasi, escondida no fim de uma viela que separa dois comércios, na rua da Graça. Após percorrer o túnel com piso de paralelepípedos, uma pequena vila se revela com uma dezena de casas construídas no início do século 20.

Para deixar esse reduto ainda mais eclético, poucos metros e uma quadra separam três importantes equipamentos culturais da região. A Oficina Cultural Oswald de Andrade, instalada em um edifício de 1905, que sedia atividades, exposições e espetáculos. A Casa do Povo, espécie de centro cultural que nasceu logo após o fim da Segunda Guerra Mundial, em 1946, em homenagem às vítimas dos campos de concentração nazistas, e que hoje é frequentada por movimentos e coletivos, que propagam cultura através de cursos e grupos de estudo.

Há ainda o Memorial da Imigração Judaica, que além de abrigar a primeira sinagoga do estado de São Paulo, fundada em 1912, guarda um amplo acervo documental sobre contribuição dos judeus ao desenvolvimento do Brasil. Soma-se a esses exemplos, o circuito histórico cultural da Luz, composto pelo Parque da Luz, a Pinacoteca, a Estação Ferroviária, o Museu da Língua Portuguesa e o Museu de Arte Sacra.

As lojas de tecido também têm renovado o público do endereço com propostas diferenciadas, como a TexPrima LOF, que vende em pequenas quantidades, focada em novos estilistas, estudantes e novos empreendedores.

Além disso, a loja é colaborativa e foi pensada não apenas para venda de tecidos mas, também, para dar suporte e incentivar a troca de experiências criativas. Além do acervo, a LOF mantém em funcionamento uma oficina aberta e gratuita para quem quiser participar.

Tamanha movimentação automaticamente provocou o surgimento de novos destinos gastronômicos no endereço. O pequeno restaurante coreano Hwang To Gil é o grande destaque e aos finais de semana, tem fila na porta, assim como o Acrópoles, restaurante grego mais antigo da cidade. Outros estabelecimentos são citados, como a Bellapan Bakery, que oferece doces orientais e enorme variedade de chás gelados.

O primeiro lugar do ranking foi conquistado pela Smith Street, em Melbourne, na Austrália. A rua campeã é conhecida por suas lojas independentes, bares gays, shows de música ao vivo e ótimos restaurantes. Veja as dez primeiras colocadas:

1. Smith Street, Melbourne, Austrália

2. Passeig de Sant Joan, Barcelona

3. South Bank, Londres, Reino Unido

4. San Isidro, Havana, Cuba

5. Sunset Boulevard, Los Angeles, EUA

6. Witte de Withstraat, Rotterdam, Holanda

7. Rua Três Rios, São Paulo, Brasil

8. Haji Lane, Singapura

9. Rua Rodrigues de Faria, Lisboa, Portugal

10. Calle Thames, Buenos Aires, Argentina