Marketplace liga confecções e lojistas com foco no atacado

 Marketplace liga confecções e lojistas com foco no atacado

Assim como em outros setores, a pandemia atrapalhou as vendas do comércio atacadista de moda. Logo no começo da quarentena, a queda brusca no movimento de ônibus de sacoleiras e revendedores, em polos como o Brás e o Bom Retiro, fez com que a indústria e as confecções tivessem de se reinventar.

Porém, a onda dos marketplaces, que ganhou cada vez mais espaço com o distanciamento social para ajudar principalmente as PMEs a continuarem vendendo, acabou se transformando em uma opção a mais para esses varejistas. Agora, no modelo startup, formatado na velocidade e na diversidade exigida pelo mercado.

Baseado nessas transformações é que surgiu o marketplace Moda Online. Espécie de ‘shopping virtual’ que conecta a indústria da moda a revendedores, a plataforma oferece um mix de marcas e produtos, que vão de roupas e acessórios a calçados, com vendas exclusivas por atacado.
O modelo tradicional desse tipo de compras, de longas viagens, desgaste físico e altos custos já não atendia mais às necessidades nem das marcas, nem dos consumidores, diz o fundador da startup, Nathan Moojen.

“Esses eram pontos que queríamos eliminar, fazendo com que vários produtos, de diferentes marcas, estivessem acessíveis no computador ou celular dos compradores”, afirma.

Mas a ideia inicial de aproximar revendedores de moda às marcas numa plataforma de vendas focada no B2B surgiu em 2015. Nessa época, Moojen percebeu que os clientes estavam comprando de outro jeito.

Em 2017, de olho nesse movimento, as indústrias passaram a avaliar a criação de seus próprios e-commerces, mas desistiam por conta do alto custo e do trabalho envolvido. Assim nasceu o MVP (versão inicial e simplificada de produto ou serviço, na sigla em inglês, dentro da metodologia startup) do Moda Online.
Com a pandemia, o processo de digitalização acelerou e, com os aprendizados da primeira versão, a startup se reinventou, reiniciando as atividades no segundo semestre de 2020, após receber o aporte de dois investidores – a Stars ACLRD, maior aceleradora de startups do interior do Brasil, e de um investidor-anjo.

Hoje, o Moda Online atua nacionalmente com plataforma própria para indústrias e outra para compradores – essa última com lançamento previsto para o próximo dia 9 de fevereiro, onde podem se cadastrar apenas comerciantes, incluindo MEIs, que tenham CNPJ com código de atividade ligado a vestuário e calçados.

“O marketplace nasceu com o objetivo de complementar o ecossistema da moda no Brasil. Mas não somos apenas um shopping virtual: somos facilitadores de negócios”, destaca Nathan.

BOM PARA PEQUENOS E MÉDIOS NEGÓCIOS

O Moda Online veio somar a uma outra iniciativa do setor atacadista: o marketplace Giro no Brás, criado por lojistas e fabricantes do polo de moda paulistano tanto para potencializar a visibilidade dos pequenos negócios da região, como para prevenir fraudes. Principalmente nas vendas à distância feitas pelo Whatsapp.
No caso do novo marketplace, segundo Nathan Moojen, a plataforma já nasceu digital, e foi 100% desenvolvida em parceria com vendedores e compradores para melhorar a experiência de acordo com as particularidades desse mercado.

“Vamos digitalizar o mercado B2B para ganhar a confiança dos envolvidos na compra por atacado.”

Antes de começar a vender produtos, quem se cadastrar no Moda Online passa por um filtro, realizado pela área comercial da plataforma.

“E por ser um marketplace, pequenas e médias confecções se livram do custo de implementação de um e-commerce, nem precisam de equipe para gerenciar sua loja virtual”, diz.

Para as indústrias de moda e confecções, a plataforma também oferece algumas vantagens, como isenção de mensalidades e investimento inicial baseado em comissão sobre as vendas feitas no site.

Independentemente da forma de pagamento escolhida pelo cliente, a indústria recebe o valor à vista. As peças cadastradas pelos lojistas ficam disponíveis para venda a pronta-entrega, com uma economia de 30 a 50% no preço final do produto em relação às lojas físicas, destaca Moojen.
Para os revendedores, a outra parte da plataforma, que será lançada no dia 9 de fevereiro, permitirá fazer pedidos de diferentes marcas, de diversos lugares do Brasil, a qualquer dia ou hora, de uma só vez.

Outra das facilidades é o frete otimizado: o sistema faz o cálculo do pedido no Correio e em transportadoras, sinalizando o menor valor entre as opções disponíveis – uma espécie de ‘leilão de fretes’, diz Moojen.

Já o pagamento é unificado, e o lojista tem desconto no boleto bancário à vista – uma opção que facilita a vida dos pequenos lojistas, que não precisarão recorrer à tática de antecipar recebíveis para ter fluxo de caixa, diz.

Por ser um negócio novo, Moojen diz ainda ser cedo para projetar quanto em valores o marketplace deve movimentar em 2021. Mas, com 30 marcas cadastradas, a expectativa é chegar ao segundo semestre de 2021 com pelo menos 50. Mesmo nesse cenário de pandemia, acredita.

Em sua avaliação, as empresas que estavam ‘adiando o inadiável’ tiveram que acelerar o processo de digitalização, e quem tinha implementado ou estava tentando se digitalizar no setor saiu na frente.

Ele cita como exemplo o grupo Megapolo, do Brás, que percebeu esse movimento e se antecipou para criar um marketplace – uma estratégia que fez toda a diferença quando as lojas físicas tiveram que fechar.

Mas, mesmo com boas expectativas para o Moda Online, Moojen diz que, nessa nova economia, não há tempo para ficar acomodado. “Temos que estar sempre prontos para pivotar”, finaliza, no jargão das startups.