Juros e inflação elevados afetam desempenho do comércio paulistano

 Juros e inflação elevados afetam desempenho do comércio paulistano

Balanço da Associação Comercial de São Paulo mostra queda de 5,1% nas vendas de fevereiro na comparação com janeiro

As vendas no comércio paulistano recuaram 5,1% na passagem de janeiro para fevereiro, de acordo com o Balanço de Vendas da Associação Comercial de São Paulo (ACSP). O resultado negativo, na comparação mensal, pode ser explicado pelo impacto do feriado de Carnaval no varejo e pela menor quantidade de dias úteis do mês passado.

Mas, a despeito desses fatores pontuais, a ACSP destaca que observa uma tendência de desaceleração no comércio motivada principalmente pela alta dos juros, que encarece o crédito e, consequentemente, segura o consumo e o investimento das empresas.

A taxa básica de juros, a Selic, está em 13,75% ao ano, maior patamar já registrado. Ela é mantida nesse nível pelo Banco Central desde agosto do ano passado, numa tentativa de conter a inflação que, em doze meses, acumula 5,77%, permanecendo acima da meta de 3,25% estabelecida para este ano pelo Conselho Monetário Nacional (CMN).

A ACSP lembra que a desaceleração da atividade econômica acontece desce o final de 2022, evidenciada pela queda de 0,2% do Produto Interno Bruto (PIB) do quarto trimestre do ano passado.

Outro sinal de desaquecimento econômico é a queda na confiança do consumidor, que em fevereiro, segundo o Índice Nacional de Confiança (INC), da ACSP, recuou 1,8% na comparação com janeiro. Esse indicador, entretanto, permanece em nível positivo, acima dos 100 pontos.

As expectativas do consumidor são positivas, de acordo com o INC, mas a percepção em relação à situação atual, não. São justamente os juros e a inflação elevados que afetam o poder de compra, causando pessimismo em relação ao momento atual.

Diante desse cenário, a expectativa dos economistas da ACSP para os próximos meses é de retração nas vendas do comércio paulistano, já que ainda não se vê no horizonte um ponto de fuga para a conjuntura econômica atual.

“Existe incertezas sobre o que virá pela frente em relação à reforma tributária, inflação e oferta de crédito”, comenta Ulisses Ruiz de Gamboa, economista da ACSP.

O ponto positivo do Balanço de Vendas da ACSP aparece na comparação interanual, com a alta de 1,5% nas vendas de fevereiro na comparação com as de igual mês de 2022.

IMAGEM: Nilani Goettems/DC