Empresas precisam redobrar os cuidados com os colaboradores

 Empresas precisam redobrar os cuidados com os colaboradores

Como chegamos a falar aqui, o bate-papo desta semana com Carlos Piazza, fundador da CPC (Carlos Piazza Consultoria) e darwinista digital, profissão, como ele mesmo define, “que cuida do poder de adaptação das empresas diante de toda a tecnologia disponível que existe”, rendeu tantos insights, que foi preciso dividirmos aqui em três etapas (confira no final os demais assuntos).

No tema de hoje o foco é gestão de pessoas e o que os varejistas precisam considerar diante de uma “sociedade 5.0”, pautada, segundo ele, na relação de equilíbrio que deve haver entre o homem e a máquina. “As empresas adoram ter especialistas e hierarquias, mas se esquecem de que as máquinas podem, por exemplo, fazer muitas mais tarefas, às vezes melhores que os seres humanos. Ou seja, elas podem se tornar mais aliadas e fazer com os funcionários tenham mais tempo para exercitar seus pensamentos críticos, suas análises de ambiguidade, e principalmente, não perder mais tempo usando planilhas”, defende.

A pandemia inevitavelmente já demonstrou um pouco disso e acho ao fazer com que as pessoas percebessem que o home office pode ser tão ou mais vantajoso que o trabalho presencial. “Acredito que essa nova forma de trabalhar não mude mais, ao ponto de promover o ‘nomadismo digital’ por não interessar onde o funcionário está, mas sim o que ele produz. Vamos acabar caindo em uma espécie de êxodo reverso, com o esvaziamento dos grandes centros, ao ponto de pelo menos 20% permanecer em home e fazer com o emprego não seja mais um lugar”, comenta Piazza.

Por outro lado, com essa nova fase, ele alerta que as empresas precisam ficar cada vez mais atentas à saúde mental dos seus funcionários, já que grande parte deles não estão sabendo lidar com o ócio, nesta pandemia, procurando substituir esse tempo que sobra por mais formatações de tarefas domésticas.

“Muitas empresas já notaram que a produtividade aumento, mas em compensação seus colaboradores não estão conseguindo conviver com o ócio dentro de suas casas porque não estamos prontos para ele. Viver, trabalhar e aprender sempre foi uma instancia única em que as pessoas vivem separando, sendo um quando trabalha, outro quando está em casa, ao ponto de se ‘fantasiarem de gente séria’ quando iam para as empresas. Além disso, do ponto de vista semiótico, nossa casa não estava preparada para reunir tudo que hoje fazemos após as medidas de isolamento social”, esclarece.

Portanto, a saúde mental dos seus funcionários é uma das principais preocupações que muitas empresas precisam ter hoje. E algumas delas, líderes no mercado, já estão pedindo para que algumas de suas equipes parem um pouco. “Caso contrário, após a pandemia, o que teremos será um mega surto de burnout, com as pessoas esgotadíssimas”, alerta Piazza.