Como as franquias garantem receitas mesmo de portas fechadas

 Como as franquias garantem receitas mesmo de portas fechadas

Apesar da pandemia, o setor de franchising conseguiu manter a curva de recuperação e terminou o 4° trimestre de 2020 com faturamento ligeiramente menor (1,8%) do que em igual período de 2019. Os dados são do último balanço trimestral divulgado pela Associação Brasileira de Franchising (ABF).

Parte do resultado se deve ao esforço das redes de franquia: mais do que renegociar com fornecedores ou revisar contratos de aluguel, algumas envolveram franqueados nas vendas on-line e adotaram estratégias omnichannel para garantir receitas em tempos de endurecimento das medidas restritivas.

Live commerces, apps interligados entre lojas e estoque, transformação de unidades franqueadas em pontos de retirada, e até a estratégia criativa de criar uma espécie de ‘streaming’ de serviços de estética e beleza foram algumas das táticas adotadas no isolamento social que agora estão incorporadas ao dia a dia das redes.

Mas, para as estratégias vingarem, envolver toda a rede foi fundamental. De um lado, os franqueados, que passaram a enxergar os canais virtuais como pilares para manter receitas quando as lojas estavam fechadas.

Do outro, as franqueadoras, que entenderam que esses franqueados precisam ser incluídos, participando ativamente das vendas digitais para garantir o faturamento da rede como um todo. Essa rápida adaptação ao varejo virtual impulsionou – e garantiu – a sobrevivência principalmente dos pequenos e médios franqueados.

Além de fomentar as vendas para a carteira de clientes, essas redes passaram a incentivar as unidades franqueadas a treinarem funcionários para vender pelo whatsapp com apoio de apps. E assim, resolveram dois problemas de uma vez só: asseguraram receitas, além de reduzirem prazos de entrega em todo o Brasil.

Esse mundo digital não existia quando muitos franqueados entraram nas redes, afirma Américo José, especialistas em franquias da consultoria Cherto. Por isso, o apoio das redes foi fundamental, reforça.

“Quando falamos em omnichannel, falamos em loja conectada com o consumidor. Então é preciso pensar como prepará-la para esse mudo digital”, explica. “Sozinho, o franqueado não consegue pensar nisso tudo, daí a importância de educá-los para usar as redes a seu favor, e transformar vendedores em influenciadores.”

A seguir, confira um pouco mais das estratégias de marcas como Hope, Grupo Uni.co e Mais Top Estética que não só garantiram o faturamento da rede como um todo, mas ajudaram seus franqueados, com atuação local, a competirem com gigantes do varejo e imensas estruturas dedicadas ao e-commerce.

APP INTERLIGADO À LOJA FÍSICA + LIVE COMMERCE

Considerada uma das maiores marcas de roupas íntimas do país, a Hope lançou um aplicativo de vendas em 2020 para dar suporte aos mais de 200 franqueados quando as lojas físicas precisaram permanecer fechadas.

Nas compras realizadas por meio do app, interligado aos estoques das unidades físicas, os produtos são enviados aos compradores a partir das lojas franqueadas. Segundo Elton Deretti, diretor comercial do Grupo Hope, em maio, junho e julho de 2020, o aplicativo foi a principal fonte de receita dos franqueados.

Lançado em abril de 2020, logo ele alcançou 20 mil clientes cadastrados que costumam fazer compras recorrentes.

Mesmo com variação em decorrência da abertura ou não de lojas, em alguns meses, o app chegou a representar quase 75% das vendas da rede de franquias, segundo Deretti.

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