As ações da FAC-SP para qualificar o varejo na pandemia

 As ações da FAC-SP para qualificar o varejo na pandemia

Inaugurada no início da pandemia, a Faculdade do Comércio de São Paulo (FAC-SP) acaba de completar o primeiro ano de atividades cumprindo seu principal objetivo: qualificar e inserir o varejo no universo digital.

Em um ano marcado pela ‘crise da covid’ e o abre-e-fecha do comércio, uma das conquistas da instituição, mantida pela Associação Comercial de São Paulo (ACSP) e pela Federação das Associações Comerciais do Estado de São Paulo (Facesp), foi atingir a marca de 327 alunos matriculados.

Como única instituição de ensino brasileira a focar seus cursos exclusivamente no varejo, sua chegada ajudou a reforçar uma necessidade que já existia: a qualificação do setor, que se tornou premente diante das medidas restritivas, segundo o diretor geral da FAC-SP, Wilson Vitório Rodrigues.

Com projeção de matricular pelo menos 350 alunos em seu primeiro ano, o cenário incerto, a princípio, diminuiu a expectativa inicial. Mas, mesmo ficando pouco abaixo da meta, o número surpreendeu.

Rodrigues lembra que, em 2020, o e-commerce foi um dos poucos setores que cresceu disparadamente – fato que deve se repetir em 2021. Porém, parte significativa dos varejistas e empreendedores do comércio foi pego de surpresa, e teve de se adaptar rapidamente por não saber operar on-line. Daí a procura pela FAC.

“Comércio eletrônico envolve muita coisa, não é só vender. É preciso ter um plano logístico, saber de gestão, de marketing digital, recursos humanos… enfim, exige uma qualificação técnica muito grande”, afirma.

Para ajudar a driblar o desemprego no setor com o fechamento das lojas, a FAC lançou o Portal da Empregabilidade, para auxiliar os estudantes a ingressarem ou se recolocarem no mercado de trabalho.

O Portal também atua como uma espécie de headhunter desses alunos junto a uma rede formada por 250 mil empresas e empreendedores, todos integrantes dos quadros associativos da ACSP e Facesp.

Ou seja, além das vagas, os alunos terão orientação da secretaria acadêmica para planejamento de carreira, para dar um upgrade no currículo, e até para referendá-lo ao contratante, caso surjam vagas no seu perfil.

“Não queremos falar só de empregos ou arranjar vagas, mas também criar um centro de avaliação de empregabilidade para observar o comportamento do mercado de trabalho no setor varejista”, diz.

Mas uma das maiores conquistas da FAC-SP nesse primeiro ano foi sua recente aprovação, com nota máxima do MEC (Ministério da Educação), para oferecer cursos superiores na modalidade EAD (educação a distância). A última etapa para isso acontecer é o credenciamento pelo ministro da Educação, Milton Ribeiro.

Com isso, a modalidade de ensino não-presencial será levada para as 420 associações comerciais do estado de São Paulo. No momento, há pelo menos 45 associações do Interior paulista que estão se preparando para se tornarem polos credenciados de EAD dos cursos ministrados pela FAC-SP, de acordo com Rodrigues.

O objetivo, afirma, é amplificar o projeto educacional em todas as regiões do estado, com meta de qualificar 10 mil alunos nos próximos sete anos.

“O comércio do Interior precisa muito”, destaca.

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SOFT SKILLS E O VAREJO 4.0 

Para implementar cursos como Gestão Comercial, Administração, Gestão em Recursos Humanos, Gestão em Logística e Sistemas para Internet na FAC-SP, a equipe acadêmica visitou pequenos, médios e grandes varejistas para que eles pudessem contar quais as carências dos profissionais do mercado.

Feita a aproximação, o projeto passou a contar com o apoio de varejistas como Magazine Luiza, Preçolândia e Riachuelo. Algumas até reconheceram que a iniciativa privada não tinha essa preocupação, diz Rodrigues.

Ele cita Flávio Rocha, presidente do conselho do Grupo Guararapes, dono da Riachuelo, que contou que a companhia sempre investiu nas áreas financeira e industrial, mas a de comércio ficava meio de lado.

“Por isso, quando apresentamos o nosso projeto, ele se interessou e se tornou apoiador.”

Em síntese, a ideia principal da FAC-SP, de acordo com seu diretor geral, é formar empreendedores, comerciantes, comerciários e varejistas em geral em profissionais adaptados a esse novo cenário.

“Tem tantas empresas fechando… Se a qualificação já era importantíssima para o progresso do varejo, agora ela se tornou absolutamente imperativa”, afirma Rodrigues.

Assim foi criado o modelo acadêmico baseado no desenvolvimento de competências (ou soft skills), voltado para a carreira no varejo e focado em habilidades atreladas à digitalização, sob o comando do economista Roberto Macedo, diretor acadêmico da FAC-SP e responsável por montar o corpo docente da faculdade.

Doutor em economia pela Universidade de Harvard, com pós-doutorado na Universidade de Cambridge, o professor Macedo também já foi secretário especial de Política Econômica do Ministério da Fazenda, além de diretor da Faculdade de Economia e Administração da Universidade de São Paulo (FEA-USP).

Vencidos os desafios de ajustar o conteúdo e adaptar professores e alunos para o modelo de aula on-line por meio de plataformas como Zoom ou Teams, o desafio da grade curricular era enfatizar a transformação de conhecimentos em qualificações ou habilidades (skills). E sempre priorizando a comunicação, explica Macedo.

Por isso a ideia de atrair professores mestres e doutores com experiência no mercado. Em sua avaliação, não adianta ser um doutor acadêmico, mas que ensina à moda antiga e tem dificuldade em dialogar com alunos.

“Os alunos da FAC são do comércio, do varejo, lidam com vendas… Então costumam se comunicar melhor do que os alunos de uma USP, por exemplo”, afirma. reforçando que as aulas abordam sempre elementos práticos, e que esse aprendizado será muito útil para aperfeiçoar essa comunicação.

Macedo lembra que a grande questão não é frequentar aula, pegar diploma e viver em função do título. “Ele precisa ser um projeto pessoal, para o aluno crescer ao longo do processo, e sair dele com valor adicionado.”

Com a digitalização como elemento importante da metodologia da FAC-SP, uma das grandes novidades para esse ano será levar à sala de aula modelos de plataforma como as da Salesforce, Omni ou Totvs, para que os alunos aprendam na prática como operar softwares de gestão empresarial voltados ao varejo.

Para Wilson Rodrigues, todo esse trabalho só levará a instituição a ganhar cada vez mais prestígio no mercado educacional, ampliando seu alcance. “Afinal, estamos formando quadros para o varejo 4.0”, sinaliza.