WhatsApp adota Pix para compras no app com foco nos pequenos negócios

 WhatsApp adota Pix para compras no app com foco nos pequenos negócios

Recurso valerá apenas para o Brasil, mas ainda não há data para o lançamento

O WhatsApp vai adotar o Pix como meio de pagamentos instantâneos em transações entre clientes e empresas no app de mensagens, recurso que vale apenas para o Brasil. Não há data para o lançamento da novidade no APP.

A novidade foi anunciada nesta quinta-feira, 6, no palco do Conversations, evento global da Meta (dona do mensageiro, do Facebook e do Instagram) que acontece pela primeira vez em São Paulo e que contou com a participação em vídeo do presidente executivo, Mark Zuckerberg.

A adoção do Pix no WhatsApp acontece na versão para negócios do app, batizado de WhatsApp Business (gratuito nas lojas digitais do Android e da iPhone). Nele, comerciantes conseguem oferecer respostas automatizadas para clientes, como catálogos de produtos e mensagens prontas sobre horários de funcionamento do estabelecimento, por exemplo. A plataforma também permite que os clientes façam compras com cartões de crédito, débito e pré-pagos (previamente cadastrados no app) e, agora, o Pix.

O recurso vai funcionar no formato “copia e cola”, já conhecido pelos brasileiros que usam o modelo instantâneo. Ao concluir o pedido, a plataforma do WhatsApp vai enviar um código único para que o cliente leve o código até o aplicativo de banco ou instituição financeira, que vai processar o pagamento instantaneamente. Não haverá nenhum custo adicional para a operação.

A funcionalidade vale apenas para pagamentos de pessoas para empresas. O recurso de pagamentos entre pessoas, chamado Pagamentos no WhatsApp, exige o uso de cartões previdamente cadastrados.

“O Brasil é o único país do mundo com desenvolvimento (de um recurso) tão específico”, explica em entrevista à reportagem o executivo Guilherme Horn, chefe do WhatsApp para o Brasil, Índia e Indonésia – os três principais mercados do aplicativo de mensagens no mundo. “Hoje, qualquer sistema de pagamentos (no País) tem que incluir o Pix.”

O Pix foi lançado em novembro de 2020 pelo Banco Central do Brasil, permitindo pagamentos instantâneos entre contas bancárias em qualquer horário da semana, sem a cobrança de tarifas entre diferentes instituições financeiras. Com mais de 164 milhões de usuários (pessoas físicas e jurídicas), o formato representou 41% dos pagamentos realizados no Brasil durante o quarto trimestre de 2024, ante 32% do ano anterior, de acordo com o relatório Estatísticas de Meios de Pagamentos, publicado pela autarquia no último dia 4.

“O Pix é inclusivo. Todo mundo tem. É uma das coisas boas, porque incluiu muita gente no sistema de pagamentos brasileiro”, explica Horn. Segundo o executivo, o recurso deve ser especialmente útil para profissionais autônomos, como eletricistas, e comerciantes de bairro, como mercadinhos, que usam o WhatsApp como canal de vendas, sem precisar criar websites.

Também nesta quinta-feira, a Meta anunciou a possibilidade de grandes e pequenas empresas aderirem ao sistema de pagamentos por cartão na plataforma do WhatsApp, que fornece APIs para as firmas plugarem seus serviços. Até então, a funcionalidade estava restrita a pequenos negócios.

O WhatsApp tem mais de 2 bilhões de usuários ativos mensalmente, diz a Meta – 100 bilhões de mensagens são trocadas diariamente. No Brasil, a companhia não revela os números, mas consultorias apontam que o número de usuários brasileiros é de 120 milhões, tornando-se o segundo maior mercado no mundo, atrás da Índia.

Meta e Banco Central entraram em divergência em 2020

Em junho de 2020, a Meta (então chamada Facebook, antes do foco no metaverso) foi impedida pelo Banco Central de lançar um sistema de pagamentos instatâneos entre usuários do WhatsApp, então batizado de WhatsApp Pay. A empresa havia escolhido o Brasil para estrear a funcionalidade.

À época, o Banco Central afirmou publicamente que, para liberar a função, a Meta deveria formar parcerias com mais adquirentes do setor financeiro – no lançamento do recurso, o WhatsApp havia se junto somente à Cielo (joint-venture entre Bradesco e Banco do Brasil). Internamente, porém, segundo apuração do Estadão/Broadcast, a autarquia brasileira estava segurando a novidade para não prejudicar o lançamento do Pix, marcado para o fim daquele ano.

O WhatsApp Pay foi enfim liberado pelo BC em março de 2021. O recurso só veio ao ar em março de 2023, sob o nome de Pagamentos no WhatsApp. No momento do lançamento, a funcionalidade funcionava para compras com cartões de crédito, débito e pré-pago com participação de 15 bancos, três empresas de adquirência e das duas principais bandeiras do mercado financeiro.

Com informações de Estadão Conteúdo
Imagem: Shutterstock/mercado e consumo