Volume de inadimplentes cresceu quase 20% em 2022, diz Boa Vista

 Volume de inadimplentes cresceu quase 20% em 2022, diz Boa Vista

A perspectiva do birô de crédito é que em 2023 ocorra nova alta, embora mais moderada que a verificada no ano passado

Os registros de inadimplentes na base de dados da Boa Vista fecharam o ano de 2022 com alta de 19,9% em relação ao ano anterior, após avançar 3,6% em dezembro na comparação mensal, segundo dados dessazonalizados que abrangem todo território nacional.

O indicador encerrou o 4º trimestre do ano passado com alta de 4,7% na comparação com o observado no 3º trimestre do mesmo ano, também na série livre dos efeitos sazonais.

Foi verificado forte avanço na comparação interanual, de 30,3%, e isso fez com que os resultados acumulados acelerassem. Na comparação entre o 4º trimestre de 2022 contra igual período de 2021 houve elevação de 32,8%, e na análise de longo prazo, medida pela variação acumulada em 12 meses, o indicador subiu 19,9% em 2022.

“Essa forte alta observada retrata a situação das famílias na economia brasileira. Não seria nenhuma surpresa se em 2023 o número de registros apontasse para mais uma alta, mas a expectativa que temos é de que ela seria muito mais tímida em comparação aos quase 20% que tivemos em 2022”, diz Flávio Calife, economista da Boa Vista.

Segundo ele, o cenário ainda é delicado e 2023 deverá ser mais um ano de inflação e juros altos. “O crédito também cresceu bem em 2022, mesmo quando descontamos o uso do cartão de crédito à vista, e isso também pode pressionar o orçamento das famílias por um pouco mais de tempo. A tendência, por ora, aponta para mais elevação nos registros, assim como para a taxa de inadimplência, em 2023”, diz o economista da Boa Vista.

RECUPERAÇÃO DE CRÉDITO

Já o Indicador de Recuperação de Crédito da Boa Vista registrou crescimento de 15,4% em 2022 na comparação anual. O indicador subiu 2,9% em dezembro na comparação mensal dos dados dessazonalizados e também foi observada uma variação expressiva na comparação interanual, de 30,9%.

“As famílias têm buscado cada vez mais por estes serviços de recuperação, uma vez que possuem cada vez mais opções de como fazê-lo e agora está em discussão um novo programa federal de renegociação de dívidas, o ‘Desenrola’. Ainda é cedo para falar algo de concreto porque muitos detalhes importantes ainda não foram divulgados. O que se tem no momento é uma ideia que talvez conte com o apoio dos bancos privados, a ver. Fato é que a recuperação seguirá sendo muito importante no mercado de crédito, uma vez que a inadimplência não deve voltar a cair de forma consistente tão cedo”, diz Calife.

IMAGEM: Freepik