FecomercioSP integra coalizão pela Reforma Administrativa

 FecomercioSP integra coalizão pela Reforma Administrativa

Em seminário na Câmara dos Deputados, Entidade alertou sobre efeito do peso do Estado na economia

Apesar das divergências a respeito de como a máquina pública deve ser reformulada, é consenso entre economistas e especialistas em contas públicas que uma ampla Reforma Administrativa seria o caminho ideal para garantir mais eficiência ao funcionamento do Estado – e consequentemente um ambiente de negócios melhor.  

“A Reforma Administrativa tem que evoluir com um objetivo: aumentar a produtividade da economia brasileira”, afirmou Antonio Lanzana, copresidente do Conselho de Economia Empresarial e Política da FecomercioSP durante o seminário “Reforma Administrativa” ocorrido na Câmara dos Deputados nesta quarta-feira, 1º. O evento foi realizado pela Frente Parlamentar do Empreendedorismo e uma coalizão de 23 frentes parlamentares de diversos setores econômicos com apoio da FecomercioSP e outras entidades do setor produtivo.  

Evento reuniu FecomercioSP, líderes públicos e setores econômicos em defesa de uma reforma do Estado

Para se ter ideia do impacto do tamanho do Estado no desempenho da economia, nos últimos 10 anos o Brasil cresceu  5,4%, considerando o período de 2012 a 2022. No mesmo período, o mundo avançou 33,8%, enquanto os países emergentes, dos quais o Brasil faz parte, cresceram 52%. “Se nós tivéssemos acompanhado o crescimento dos emergentes, teríamos hoje um PIB 44% maior. Se tivéssemos acompanhado o crescimento do mundo, teríamos um PIB 27% maior. Teríamos muito mais emprego, consumo, renda 27% mais alta”, explicou Lanzana. 

O baixo crescimento brasileiro é histórico. O economista da FecomercioSP lembrou que, desde a década de 1980, o PIB brasileiro tem crescido menos que o mundo. “O PIB brasileiro cresceu 139%, o mundo 324% e os emergentes, 561%. Estamos ficando relativamente mais pobres.”

Uma das razões para um desempenho tão tímido é a baixa produtividade da economia brasileira. “Nos últimos 10 anos, o índice da produtividade brasileira tem sido -3% e -4%. Ao longo das três últimas décadas o crescimento foi 0,6% contra 3,8% dos países em renda média”, apontou. 

Problema está no gasto 

A expansão dos gastos públicos, por outro lado, vai na contramão do crescimento. Lanzana lembrou que nos anos 1970 o gasto público no Brasil era de 20% de despesas correntes e 5% de investimentos. Hoje o País tem 38% de gasto público, sendo 37% com despesas correntes e 1% de investimentos. “É um dos fatores que ajuda a explicar porque a taxa de investimento no Brasil é tão baixa. Assim como porque nós temos uma infraestrutura tão precária.” 

Esse ciclo vicioso de baixo crescimento e expansão desenfreada de gastos estatais foi financiado por aumento da carga tributária, que desde a década de 1970 subiu de 25% para 34% do PIB. “Enquanto isso, a dívida pública saltou de 27% para 80%.”

Quando há maior participação do Estado na economia, salientou o economista,  automaticamente há redução da atividade do setor privado, “que é mais eficiente que o setor público. O reflexo disso é a queda de produtividade”. 

Na opinião do vice-presidente da FecomercioSP, Dr. Ivo Dall’Acqua Junior, a discussão sobre a Reforma Administrativa não pode ser feita de forma isolada, mas considerar todo o conjunto de mudanças tecnológicas e na relação entre capital e trabalho. “A oportunidade para uma concertação está posta. Só vamos conseguir isso a partir do momento que tivermos um olhar mais sistêmico”, concluiu. 

Durante evento, Ivo Dall’Acqua Junior defendeu reforma do Estado com olhar sistêmico

Carruagem estatal está pesada 

O empresário Flávio Rocha, presidente do Conselho do Grupo Guararapes (Riachuelo), defendeu que esse seja o momento para avançar com a reforma para atingir racionalidade sobre o tamanho do Estado que queremos. “Não fazem sentido as outras reformas sem essa reforma global. A carruagem estatal ficou maior que a sua força de tração. A força de tração é sua economia, capital e trabalho, e a carruagem estatal é o tamanho do Estado. Quanto menor o Estado em relação a sua força de tração, mais célere será essa carruagem e mais próspero será esse país”, disse.

Um debate amplo e com a participação dos servidores públicos foi defendido pelo  presidente da Frente Parlamentar pelo Empreendedorismo, deputado Joaquim Passarinho (PL-PA). “Queremos privilegiar os bons servidores, qualificar o gasto público. Queremos que os servidores sejam ouvidos e respeitados para que a gente possa fazer uma reforma justa não só para o servidor, mas para o pagador de imposto”. O deputado Arnaldo Jardim (Cidadania-SP), presidente da Frente Parlamentar do Brasil Competitivo, também falou a respeito do impacto da reforma no setor público. Para ele, a reforma deve ser vista como um fato positivo para o funcionalismo público. “Queremos que a reforma motive os funcionários, potencialize e produza bons frutos no serviço público.”

Nesse sentido, Sandro Mabel, presidente da Federação das Industriais do Estado de Goiás (FIEG), afirmou que a redução de custos pode ser revertida para, por exemplo, a requalificação dos servidores com intuito de aumentar a eficiência e a produtividade. “Precisamos ser realistas, ter a vontade de fazer o negócio. Precisamos ter essa visão de eficiência dentro da máquina pública, e ter a coragem de quando começa a ver que aquele cargo vai sumir, começa a requalificar o servidor. Ou ele aceita a requalificação, ou está fora do jogo. É essa requalificação que precisa ser feita eliminando quem não quer se requalificar”. 

A FecomercioSP tem alertado há anos que uma reforma estrutural no sistema tributário precisa estar acompanhada de uma revisão profunda das despesas públicas. Uma rota de crescimento sustentado ao País exige a construção urgente de uma Reforma Administrativa — com foco na redução do Estado.