Empórios paulistanos: tradição e a inovação à disposição da classe A

 Empórios paulistanos: tradição e a inovação à disposição da classe A

Os anos de 2020 e 2021 foram positivos para o varejo alimentar. No ano de 2020, o setor supermercadista acumulou alta real (deflacionada pelo IPCA/IBGE) de 9,36%, em relação ao ano de 2019; e em 2021, alta real de 3,04% em relação ao ano de 2020, segundo o Índice Nacional de Vendas da Associação Brasileira de Supermercados (Abras).

Em 2020, esses números são justificados pelo período crítico de pandemia, que levou a maximização do preparo e consumo de alimentos em casa. Em 2021, quando ainda ocorreu períodos de lockdown, mas, principalmente, pela remodelação do consumo de alimentos fora do lar, que foi fortemente influenciado pelo trabalho híbrido e por uma nova organização casa, família e relações sociais.

Sem dúvidas, esses números foram animadores para o setor de maneira transversal e atingiram todos os segmentos, especialmente os de classe A. E, talvez, esse contexto seja positivo para o recém-inaugurado, na capital paulistana, Empório Fasano.

O Empório Fasano nasce em uma vizinhança com um concorrente estabelecido há mais de 90 anos. A Casa Santa Luzia, desde 1926, abastece consumidores fiéis, turistas e até empresas com produtos sazonais (cestas, kits etc).

O bairro dos Jardins tem o quarto maior Índice de Desenvolvimento Humano (IDH) da cidade de São Paulo, com 0,957. O bairro é um berço do consumo premium na cidade. Grandes marcas, ótimos hotéis, apartamentos de alto padrão e alguns negócios, pérolas da região, convivem com um movimento constante de reconfiguração.

São menos de 10 minutos de caminhada entre um estabelecimento e o outro. A família Fasano tem muitos negócios no bairro e, sem dúvida, é uma grande referência no mercado de gastronomia e hospitalidade, ampliando sua autoridade para uma iniciativa desse tipo.

O Empório Fasano destaca-se em modernidade e design impecáveis, como de costume. São 4.500 itens distribuídos em 3 pisos, que totalizam 1.000 m². Essa oferta dirigida assegura um ambiente clean e um fluxo muito fluído.

O Santa Luzia, com seus 2.200 m2 entre loja e mezanino, oferece algo como 32 mil itens, em um ambiente em que tudo foi se “encaixando” e tornando os corredores da loja apertados para expor tanta coisa.

São propostas diferentes. O Empório Fasano assegura recortes dos produtos desenvolvidos, curados ou chancelados pela marca e a Casa Santa Luzia segue apostando no know how de varejo, que agrega produção própria, curadoria e importação, tudo para encantar seus clientes oferecendo soluções segundo o que entendem que seus precisam, uma filosofia desenvolvida por nove décadas.

Ambos apostam na conveniência oferecendo produtos prontos para levar e consumir em casa. Vendas por WhatsApp, serviço de concierge e vendas por aplicativos. Cada um, à sua maneira, traz a digitalização, mas, nada muito intenso, o que sem dúvida é uma grande janela de oportunidade. Para um café rápido? Ambos oferecem oferta e espaço.

Chama a atenção, em ambos os empreendimentos, a baixa aposta no consumo em loja. É certo que durante a pandemia esse conceito de loja sofreu pela ausência de clientes, porém, especialmente para público A experiência está no topo da lista.

A experimentação de produto é possível, mas a permanência do cliente na loja e a vivência de experiências como ocorre, por exemplo, nas lojas do Empório Santa Maria, Eataly e iniciativas internacionais, que intensificam o modelo, não são o forte do Empório Fasano ou da Casa Santa Luzia.

A decisão sobre o melhor modelo é sempre do consumidor e ambas as empresas têm qualidade técnica para fazer acontecer, possivelmente, nesse momento, freados por objetivos e foco desse momento, talvez, no futuro, vejamos a pivotagem dos modelos atuais dessas marcas para construção de conceito que integrem produto e experiência em loja de forma mais ambiciosa, afinal, varejo é transformação.

Cristina Souza é CEO da Gouvêa Foodservice.
Imagem: Divulgação