Custo de vida na RMSP cai pela primeira vez em mais de dois anos

 Custo de vida na RMSP cai pela primeira vez em mais de dois anos

Preços ligados aos transportes retraíram 2,92%, influenciados pela redução nos combustíveis

A sequência de 25 meses de alta no custo de vida na Região Metropolitana de São Paulo (RMSP) foi interrompida em julho: pela primeira vez, desde maio de 2020, o indicador Custo de Vida por Classe Social (CVCS) apresentou queda. O índice da Federação do Comércio de Bens, Serviços e Turismo do Estado de São Paulo (FecomercioSP) variou -0,18%. O setor de transporte foi o que mais influenciou o resultado geral do indicador, com redução de 2,92%. Em relação às diminuições, os preços da gasolina (-13,6%) e do etanol (-10,8%) foram os destaques.

A redução no preço dos combustíveis, em razão do limite da alíquota em 17% do Imposto sobre Operações relativas à Circulação de Mercadorias e sobre Prestações de Serviços de Transporte Interestadual e Intermunicipal e de Comunicação (ICMS) – além da conjuntura internacional de baixa no valor do petróleo –, foi o principal motivo para a queda do indicador, já que os transportes têm o segundo maior peso no índice: 21,44%, influenciando em -0,63 ponto porcentual (p.p.) o desempenho geral.

tendência é de um arrefecimento dos preços na média geral (Arte: TUTU)

A sequência de 25 meses de alta no custo de vida na Região Metropolitana de São Paulo (RMSP) foi interrompida em julho: pela primeira vez, desde maio de 2020, o indicador Custo de Vida por Classe Social (CVCS) apresentou queda. O índice da Federação do Comércio de Bens, Serviços e Turismo do Estado de São Paulo (FecomercioSP) variou -0,18%. O setor de transporte foi o que mais influenciou o resultado geral do indicador, com redução de 2,92%. Em relação às diminuições, os preços da gasolina (-13,6%) e do etanol (-10,8%) foram os destaques.

A redução no preço dos combustíveis, em razão do limite da alíquota em 17% do Imposto sobre Operações relativas à Circulação de Mercadorias e sobre Prestações de Serviços de Transporte Interestadual e Intermunicipal e de Comunicação (ICMS) – além da conjuntura internacional de baixa no valor do petróleo –, foi o principal motivo para a queda do indicador, já que os transportes têm o segundo maior peso no índice: 21,44%, influenciando em -0,63 ponto porcentual (p.p.) o desempenho geral.

Quanto ao impacto nas classes sociais, o CVCS demonstra que a gasolina mais barata ajudou o orçamento doméstico das famílias com menores rendimentos: o custo de vida para a Classe E apresentou variação de -4,10% (para a Classe A, foi de -1,86%). Apesar da redução no preço dos combustíveis, nos transportes também foram registrados aumentos, como do óleo diesel (6,1%) e das passagens aéreas (6,5%).

Outro grupo a apresentar retração no mês foi a dos artigos do lar (-0,94%). As quedas foram observadas nos preços médios do microcomputador (-3,3%), do televisor (-1,8%) e da roupa de cama (-1,7%). Contudo, como o peso em comparação ao indicador é menor (5,57%), este influenciou em apenas -0,05 p.p. a variação geral do CVCS.

Aumentos nos preços

A despeito da deflação mensal, os outros grupos que compõem o indicador da FecomercioSP também apontaram alta em julho. O setor de alimentação e bebidas foi o que mais subiu (0,89%). Os vilões da vez foram o pão francês (4,3%) e o leite longa vida (3%). Outros derivados do leite também subiram, dentre eles, o queijo (4,9%), o leite em pó (3,2%) e o iogurte e as bebidas lácteas (1,9%).

A redução da oferta por causa da seca deve manter os preços de leites e derivados pressionados nos próximos meses. Contudo, os consumidores podem economizar nas compras de outros itens que sofreram reduções nos preços. É o caso do tomate (-28,1%), da batata-inglesa (-16,8%) e da alface (- 4,9%). O óleo de soja, que, recentemente, teve altas consideráveis, apontou declínio de 3%, assim como alguns cortes de carnes, como a alcatra (-2,2%) e o contrafilé (-1,1%).

Para as faixas de renda, o impacto da variação do grupo de alimentação e bebidas foi muito similar: intervalos de 0,84%, para a classe D, e de 0,99%, para a classe A.

O setor de habitação também apresentou variação positiva dos preços, com alta mensal de 0,49%. Nos serviços, as altas observadas no aluguel residencial (1,9%) e no condomínio (1,8%) influenciaram o resultado. Já no comércio, houve baixa de 0,81%, graças à redução do gás de botijão (-1%). As demais elevações foram registradas nos seguintes grupos: despesas pessoais (1,75%), vestuário (0,88%) e saúde (0,66%). Educação e comunicação apresentaram estabilidade.

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Segundo semestre

Na avaliação da FecomercioSP, embora a queda do custo de vida tenha sido mais concentrada no grupo de transportes, para o segundo semestre, a tendência é de um arrefecimento dos preços na média geral. As commodities, que alavancaram os custos dos alimentos no início do ano, agora estão em declínio, devendo pressionar menos os itens básicos de consumo, com exceção pontual do leite. Além disso, em agosto, a Petrobras anunciou novos cortes nos preços nas refinarias, o que contribuirá para possíveis reduções no custo de vida na RMSP.

Por fim, com os reservatórios das hidrelétricas em níveis satisfatórios, a energia elétrica, principal item de habitação, não deve pressionar os preços em curto e médio prazos. Esses três grupos representaram dois terços dos gastos das famílias das classes mais baixas. Portanto, é um grande alívio para o bolso do consumidor, que pode, de forma gradual, usar as economias para quitar contas do passado e, posteriormente, aumentar o consumo no varejo, ajudando a economia a se recuperar.