Atacarejo cresce no Brasil, mas não impacta supermercados, avalia especialista

 Atacarejo cresce no Brasil, mas não impacta supermercados, avalia especialista

Criador: Kwangmoozaa | Crédito: Getty Images/iStockphoto

Para Alberto Serrentino, os modelos se complementam diante das necessidades do consumidor

É inegável o crescimento dos atacarejos no Brasil e os números confirmam esta realidade. De acordo com a Associação Brasileira de Atacarejos (Abaas) estes formatos de loja que mesclam atacado com varejo movimentam 230 bilhões em faturamento por ano. Além disso, uma pesquisa da Nielsen mostra que, até o final de 2022, este modelo deve representar metade das vendas do varejo alimentar no país.

De acordo com Alberto Serrentino, fundador da Varese Retail, empresa especializada em estratégias de negócios no varejo, a trajetória do atacarejo no Brasil tem uma série de componentes. “A crise econômica catapultou o formato porque as pessoas passaram a privilegiar o preço e alguns players enxergaram como uma alternativa de expansão e diversificação ou complemento de formatos de lojas. A conversão de hipermercados de baixo desempenho em atacarejo representou um salto de crescimento entre 200% e 300% nas vendas”, explica.

Diante desta realidade, muitos empresários buscam alternativas para conseguir competir com esse formato de loja e, para Sorrentino, não existe uma competição entre supermercados e atacarejos já que o último dominou a compra abastecedora, também conhecida como “compra de mês” e isso não impacta o supermercado de forma direta, principalmente o modelo de vizinhança. 

Diferenciação como maior desafio

Segundo o executivo da Varese Retail, os supermercados complementam o modelo atacarejo para o consumidor porque esse não resolve todas as missões de compras e necessidades do consumidor. “Estamos falando de itens de mercearia, produtos básicos, também conhecida como compra abastecedora de baixa frequência. O supermercado é muito bom na variedade, no serviço e na execução de perecíveis”, ressalta o fundador da Varese Retail. 

Para Alberto, o principal desafio dos atacarejos no mercado brasileiro é a diferenciação entre os formatos, alguns com mais foco em serviços, perecíveis e outras categorias, assim como o aumento de empresas no setor. “A expansão do formato no país começa a criar uma concorrência muito grande entre os atacarejos e nem todas as lojas mantêm o mesmo padrão de produtividade, lucratividade e retorno. Encontrar espaços para novas expansões e para crescimento orgânico é um desafio grande no setor e, talvez, em algum momento teremos fusões e aquisições dentro das operações de atacarejo”, finaliza.